Em um mundo onde a Inteligência Artificial está reescrevendo as regras do jogo, muitos acreditam que a profissão de programador como conhecemos está com os dias contados. No entanto, há uma exceção gritante — e resiliente: os programadores COBOL.
Enquanto as luzes se apagam em muitas linguagens e funções de TI, o COBOL segue firme, sustentando os pilares invisíveis que mantêm governos, bancos, seguradoras e grandes corporações funcionando. O curioso é que esse bastião tecnológico depende, em grande parte, de uma geração que está se aposentando em massa.
A Realidade dos Sistemas Legados
Estima-se que existam cerca de 300 bilhões de linhas de código COBOL ainda ativas em todo o mundo. São sistemas robustos, testados pelo tempo, rodando em mainframes que processam bilhões de transações por dia. Mas esse legado tem um custo: ele precisa ser mantido.
E quem mantém? Programadores experientes, muitos deles já aposentados ou prestes a se aposentar. A saída dessa força de trabalho cria uma lacuna gigantesca — e ao mesmo tempo, uma oportunidade única.
A Janela de Oportunidade
Com a saída natural desses profissionais, abre-se um vácuo técnico que não será preenchido da noite pro dia. A nova geração, muitas vezes focada apenas em tecnologias modernas, ignora o COBOL. Isso significa que quem decidir aprender, dominar e se especializar na linguagem agora, pode se tornar uma peça-chave nas próximas décadas.
Mais do que apenas uma oportunidade de emprego, é uma chance de ser essencial, de estar num ponto crítico entre o passado que construiu tudo e o futuro que depende disso para seguir funcionando.
E a Inteligência Artificial?
Sim, a IA está avançando. Já existem ferramentas que conseguem analisar e até propor correções em códigos COBOL. Mas isso ainda está longe de substituir o trabalho humano com segurança e responsabilidade. Sistemas bancários, por exemplo, não podem confiar exclusivamente em IA para manusear milhões de contas e bilhões em transações.
A IA vai ajudar, vai automatizar parte do trabalho, mas alguém precisa entender o sistema, validar o que foi gerado, ajustar o que for necessário e garantir que tudo funcione como deve. E esse "alguém" ainda será o programador COBOL — humano, experiente e conhecedor das regras do jogo.
Guardiões da História Digital
Quem trabalha com COBOL não está apenas programando. Está mantendo viva uma parte da história da computação, interpretando sistemas escritos há décadas, traduzindo o passado para o presente, e garantindo que tudo siga rodando mesmo com o avanço da tecnologia.
São os guardiões de um legado que poucos conhecem, mas que todos dependem — os últimos programadores em pé.
Conclusão
Se você já trabalha com COBOL, saiba que o seu conhecimento é mais valioso do que nunca. Se você está começando agora e quer estabilidade, reconhecimento e propósito, o COBOL é uma porta que ainda está aberta — e com poucas pessoas dispostas a atravessá-la.
O mundo pode até mudar. Mas quem entende COBOL, continua em pé.